Letter to the international Friends of the MST on the current elections (5.10.2018)

see below: english/portugues/espanhol

Comrades and Friends of MST around the World,

We would like to share some of our views on this delicate moment of Brazilian politics in the last week of the election campaign:

1. This election is very special because it can mean the victory or defeat of the coup against democracy started in 2014, which continued with the impeachment of President Dilma Roussef, extended into the illegitimate government of Michel Temer. For us, the coup is not just the moment of impeachment. The coup is the project that the elites and the financial capital did not have the strength to conquer in the elections and that needed to use the force and the illegality of other apparatuses like the media and the judiciary to execute. Thus, the coup is also the reforms of withdrawal of rights, the promotion of unemployment and, mainly, the political imprisonment of president Lula, without evidence and at a fast pace, to prevent that the favorite candidate of the population disputed the elections.

2. We further understand that the coup is a symptom of the profound economic, social and political crisis that affects not only Brazil, but the whole world, as a result of the hegemony of international financial capital and the accelerated destruction of natural assets, social rights and State around the world. It is important to have this understanding, because the elections will not solve this crisis and probably, even with the victory of the popular forces, we will have the continuity of the crisis and the confrontations that marked this period.

3. The Brazilian population understood that there was a coup and that it was necessary to defeat it. But it did not choose the path of the streets and mobilizations. With the exception of the victorious general strike that blocked the pension reform. In this way, the people chose in Lula’s candidacy the way to express its discontent and desire for change. The MST defended Lula’s candidacy as far as possible. We made a beautiful march to register his candidacy and with other popular movements we made a hunger strike that lasted 26 days and denounced the manipulations of the Judiciary System. And we have kept the Camp Lula Livre in front of the Federal Police’s jail in Curitiba as a living testimony of our conviction of the president’s innocence. Despite protests from the UN and a large civic movement by Lula Livre, the judiciary prevented President Lula from running for the elections. Faced with this, the Workers‘ Party chose to launch the former Education Minister and former Sao Paulo mayor Fernando Hadadd as a candidate. And we, like the other democratic forces, decided to support his candidacy, because it represents the defeat of the coup, Lula’s freedom and the possibility of overcoming the serious economic and political crisis and resuming a path of development of the country.

4. On the other hand, in these four years of the coup, the Brazilian right has used numerous tools: fabricated social movements, active militancy of the judiciary and the media against democracy … One of the fronts of these attacks was the encouragement of leaders with fascist speech like Jair Bolsonaro, a federal deputy for three decades (but presenting himself as an anti-system), former army captain, defender of the military dictatorship and torture, and the withdrawal of countless social rights. Bolsonaro is advised by military and foreign-funded funds economists. Bolsonaro’s speech of violence, homophobia and radicalism grew with the support of the media, who hoped that in the polarization between him and the left, the traditional right might present itself as „moderate“ or „center.“ However, the population decided to punish the parties that carried out the coup, such as the PSDB of Fernando Henrique Cardoso and Aécio Neves (whose candidate Geraldo Alckmin is expected to be fourth or fifth) and Michel Temer’s MDB (whose candidate Henrique Meirelles should not be among the top six). And the creation fled from the control of the creators, taking the vows of the old right.

5. We understand, therefore, that in this election there is a clear dispute between two antagonistic projects: the continuity of the coup and its reforms, represented by its more radical and authoritarian version, Jair Bolsonaro, and the reconstruction of democracy and rights, represented by Fernando Haddad. It is, therefore, an election marked by the class struggle. For a project that combines the most conservative sectors of our society and international capital against the workers‘ project.

6. From the point of view of foreign policy, this dispute of projects is represented on the one hand by Bolsonaro’s project, a more aligned US policy, non-recognition of Palestine, and attacks on Venezuela and the progressive governments of Latin America. On the other hand, by Hadadd’s project, of resumption of Latin American integration and of strengthening relations with the countries of the Global South.

7. Therefore, this will be a difficult election, disputed both at the polls and on the streets, as demonstrated by the gigantic women’s movement # EleNão (Not He) this past weekend. We also know that the results of this election will decisively influence the direction of Latin America and can signal a new progressive offensive throughout the world. For our part, we will continue to fight for popular agrarian reform and for a popular project for Brazil, and we ask our friends on all continents to remain attentive to developments in Brazil and to denounce both the conservative offensive and the political imprisonment of the President Lula.

MST National Board
Sao Paulo, October 05, 2018

 

PORTUGUES

Companheiros e Companheiras, Amigos e Amigas do MST em todo o Mundo,
Gostaríamos de compartilhar alguns dos nossos pontos de vista sobre este delicado momento da política brasileira na última semana da campanha eleitoral:
 
1. Esta eleição é muito especial porque ela pode significar a vitória ou a derrota do golpe contra a democracia iniciado em 2014, que prosseguiu com o impeachment da presidenta Dilma Roussef, se estendeu no governo ilegítimo de Michel Temer. Para nós, o golpe não é apenas o momento do impeachment. O golpe é o projeto que as elites e o capital financeiro não tiveram força para conquistar nas eleições e que precisaram da força e da ilegalidade de outros aparelhos como a mídia e o poder judiciário para executar. Assim, o golpe é também as reformas de retirada de direitos, o estímulo ao desemprego e, principalmente, a prisão política do presidente Lula, sem provas e em velocidade acelerada, para impedir que o candidato favorito da população disputasse as eleições.
 
2. Compreendemos ainda que o golpe é sintoma da profunda crise econômica, social e política que atinge não apenas o Brasil, mas todo o mundo, resultado da hegemonia do capital financeiro internacional e da destruição acelerada dos bens da natureza, dos direitos sociais e do Estado em todo mundo. É importante termos esta compreensão, porque as eleições não resolverão esta crise e provavelmente, mesmo com a vitória das forças populares, teremos a continuidade da crise e dos enfrentamentos que marcaram este período.
 
3. A população brasileira compreendeu que houve um golpe e que era preciso derrotá-lo. Mas não escolheu o caminho das ruas e das mobilizações. Com exceção da vitoriosa greve geral que barrou a reforma da previdência. Desta forma, escolheu na candidatura Lula a forma de manifestar seu descontentamento e desejo de mudanças. O MST defendeu a candidatura de Lula até onde foi possível. Realizamos uma linda marcha para registrar a sua candidatura e com outros movimentos populares fizemos uma greve de fome que durou 26 dias e denunciou as manipulações do Poder Judiciário. E temos mantido o Acampamento Lula Livre em frente a carceragem da Polícia Federal em Curitiba como testemunho vivo da nossa convicção da inocência do presidente. Apesar dos protestos da ONU e de um grande movimento cívico por Lula Livre, o Poder Judiciário impediu que o presidente Lula pudesse concorrer às eleições. Diante disso, o Partido dos Trabalhadores optou por lançar o ex-Ministro da Educação e ex-prefeito de São Paulo Fernando Hadadd como candidato. E nós, como as demais forças democráticas, decidimos por apoiar sua candidatura, porque ela representa a derrota do golpe, a liberdade de Lula e a possibilidade de superarmos a grave crise econômica e política e retomar um caminho de desenvolvimento do país.
 
4. Por outro lado, nestes 4 anos de golpe, a direita brasileira valeu-se de inúmeras ferramentas: movimentos sociais fabricados, militância ativa do poder judiciário e da mídia contra a democracia… Uma das frentes destes ataques foi o estímulo a lideranças com discurso fascista como Jair Bolsonaro, um deputado federal por três décadas (mas que se apresenta como anti-sistema), ex-capitão do exército, defensor da ditadura militar e da tortura, além da retirada de inúmeros direitos sociais. Bolsonaro é assessorado por militares e por economistas de fundos de capital estrangeiro. O discurso de violência, homofobia e radicalidade de Bolsonaro cresceu com o apoio da mídia, que esperava que na polarização entre ele e a esquerda, a direita tradicional pudesse se apresentar como “moderada” ou “centro”. Porém, a população decidiu punir nas urnas os partidos que realizaram o golpe, como o PSDB de Fernando Henrique Cardoso e Aécio Neves (cujo candidato Geraldo Alckmin deverá ficar entre quarto ou quinto colocado) e o MDB de Michel Temer (cujo candidato Henrique Meirelles não deverá estar entre os seis primeiros colocados). E a criação fugiu do controle dos criadores, tomando os votos da antiga direita.
 
5. Entendemos, portanto, que nesta eleição há uma disputa nítida de projetos: entre a continuidade do golpe e suas reformas, representada por sua versão mais radical e autoritária, Jair Bolsonaro, e a reconstrução da democracia e dos direitos, representado por Fernando Haddad. É, portanto, uma eleição marcada pela luta de classes. Por um projeto que alia os setores mais conservadores da nossa sociedade e o capital internacional contra o projeto dos trabalhadores.
 
6. Do ponto de vista da politica externa, essa disputa de projetos é representada por um lado pelo projeto de Bolsonaro, de uma politica mais alinhada aos Estados Unidos, de não reconhecimento da Palestina e de ataques à Venezuela e aos governos progressistas da America Latina. Por outro lado, pelo projeto de Hadadd, de retomada da integração latino-americana e de fortalecimento das relações com os países do Sul Global.
 
7. Desta forma, esta será uma eleição difícil, disputada, tanto nas urnas, como nas ruas, como demonstrou o gigantesco movimento de mulheres #EleNão, no último final de semana. Sabemos também que os resultados desta eleição influenciarão decisivamente os rumos da América Latina e podem sinalizar para uma nova ofensiva progressista em todo o mundo. Portanto, de nossa parte, seguiremos lutando, pela reforma agrária popular e por um projeto popular para o Brasil, e pedimos aos nossos amigos em todos continentes que permaneçam atentos aos desdobramentos no Brasil e que possam denunciar tanto a ofensiva conservadora quanto a prisão política do presidente Lula.
 
Direção Nacional do MST
São Paulo, 05 de outubro de 2018

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ESPAÑOL

Compañeros y Compañeras, Amigos y Amigas del MST en todo el mundo,

Nos gustaría compartir algunos de nuestros puntos de vista sobre este delicado momento de la política brasileña en la última semana de la campaña electoral:

1. Esta elección es muy especial porque puede significar la victoria o la derrota del golpe contra la democracia iniciado en 2014, que prosiguió con el impeachment de la presidenta Dilma Roussef, se extendió al gobierno ilegítimo de Michel Temer. Para nosotros, el golpe no es sólo el impeachment. El golpe es el proyecto que las élites y el capital financiero no tuvieron fuerza para conquistar en las elecciones y que necesitaban la fuerza y la ilegalidad de otros aparatos como los medios y el poder judicial para ejecutar. Así, el golpe es también las reformas de retirada de derechos, el estímulo al desempleo y, principalmente, la prisión política del presidente Lula, sin pruebas y en velocidad acelerada, para impedir que el candidato favorito de la población disputara las elecciones.

2. Comprendemos también que el golpe es síntoma de la profunda crisis económica, social y política que afecta no sólo a Brasil, sino a todo el mundo, resultado de la hegemonía del capital financiero internacional y de la destrucción acelerada de los bienes de la naturaleza, de los derechos sociales y del Estado en todo el mundo. Es importante tener esta comprensión, porque las elecciones no resolverán esta crisis y probablemente, incluso con la victoria de las fuerzas populares, tendremos la continuidad de la crisis y de los enfrentamientos que marcaron este período.

3. La población brasileña comprendió que hubo un golpe y que era necesario derrotarlo. Pero no escogió el camino de las calles y de las movilizaciones. Con la excepción de la victoriosa huelga general que barrió la reforma de las pensiones. De esta forma, eligió en la candidatura a Lula la forma de manifestar su descontento y deseo de cambios. El MST defendió la candidatura de Lula hasta donde fue posible. Realizamos una hermosa marcha para registrar su candidatura y con otros movimientos populares hicimos una huelga de hambre que duró 26 días y denunció las manipulaciones del Poder Judicial. Y hemos mantenido el Campamento Lula Libre frente a la carcelería de la Policía Federal en Curitiba como testimonio vivo de nuestra convicción de la inocencia del presidente. A pesar de las protestas de la ONU y de un gran movimiento cívico por Lula Libre, el Poder Judicial impidió que el presidente Lula pudiera concurrir a las elecciones. Frente a ello, el Partido de los Trabajadores optó por lanzar al ex ministro de Educación y ex alcalde de Sao Paulo Fernando Hadadd como candidato. Y nosotros, como las demás fuerzas democráticas, decidimos apoyar su candidatura, porque representa la derrota del golpe, la libertad de Lula y la posibilidad de superar la grave crisis económica y política y reanudar un camino de desarrollo del país.

 

4. Por otro lado, en estos 4 años de golpe, la derecha brasileña se valió de innumerables herramientas: movimientos sociales fabricados, militancia activa del poder judicial y de los medios contra la democracia … Uno de los frentes de estos ataques fue el estímulo a los líderes con un discurso fascista como Jair Bolsonaro, un diputado federal por tres décadas (pero que se presenta como anti-sistema), ex capitán del ejército, defensor de la dictadura militar y de la tortura, además de la retirada de numerosos derechos sociales. Bolsonaro es asesorado por militares y economistas de fondos de capital extranjero. El discurso de violencia, homofobia y radicalidad de Bolsonaro creció con el apoyo de los medios, que esperaba que en la polarización entre él y la izquierda, la derecha tradicional pudiera presentarse como „moderada“ o „centro“. Sin embargo, la población decidió castigar en las urnas a los partidos que realizaron el golpe, como el PSDB de Fernando Henrique Cardoso y Aécio Neves (cuyo candidato Geraldo Alckmin deberá quedar entre cuarto o quinto) y el MDB de Michel Temer (cuyo candidato Henrique Meirelles no debe estar entre los seis primeros puestos). Y la creación huyó del control de los creadores, tomando los votos de la antigua derecha.

 

5. Entendemos, por lo tanto, que en esta elección hay una disputa nítida de proyectos: entre la continuidad del golpe y sus reformas, representada por su versión más radical y autoritaria, Jair Bolsonaro, y la reconstrucción de la democracia y de los derechos, representado por Fernando Haddad. Es, por lo tanto, una elección marcada por la lucha de clases. Por un proyecto que combina los sectores más conservadores de nuestra sociedad y el capital internacional contra el proyecto de los trabajadores.

 

6. Desde el punto de vista de la política exterior, esta disputa de proyectos está representada por un lado por el proyecto de Bolsonaro, de una política más alineada a Estados Unidos, de no reconocimiento de Palestina y de ataques a Venezuela y a los gobiernos progresistas de América Latina. Por otro lado, por el proyecto de Hadadd, de retomada de la integración latinoamericana y de fortalecimiento de las relaciones con los países del Sur Global.

 

7. De esta forma, ésta será una elección difícil, disputada, tanto en las urnas, como en las calles, como demostró el gigantesco movimiento de mujeres #No el, en el último fin de semana. Sabemos también que los resultados de esta elección influenciarán decisivamente los rumbos de América Latina y pueden señalar a una nueva ofensiva progresista en todo el mundo. Por lo tanto, de nuestra parte, seguiremos luchando, por la reforma agraria popular y por un proyecto popular para Brasil, y pedimos a nuestros amigos en todos los continentes que permanezcan atentos a los desdoblamientos en Brasil y que puedan denunciar tanto la ofensiva conservadora y la prisión política del país, el presidente Lula.

 

 

Dirección Nacional del MST
São Paulo, 05 de octubre de 2018

 

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