Brief der ENFF an die Amigas anlässlich der Polizeiaktion am 4. Nov. (17.Nov 2016)

carta aos amigxs – agradecimento solidariedade

letter to our friends – thanks for your solidarity_ING

carta aos amigxs ESP

PORT

Queridas amigas e amigos, companheiros e companheiras,

Sexta-feira, dia 04 de novembro, acordamos com o coração apertado. Os tempos sombrios de violência e injustiça desmedida, que tivemos esperança não se repetiriam em nosso país, pairavam no ar. Estava em curso uma perseguição policial ao nosso movimento, e mais que isso, uma perseguição simbólica aos valores e projeto que defendemos.

5h Paraná: 08 prisões. 7hs Mato Grosso do Sul: cerco a Centro de Formação do MST. 9hs Escola Nacional Florestan Fernandes: 10 camburões, chutes, tiros, algemas, ameaças de morte e duas prisões.

Nesse momento, sem saber de nada, uma poetiza maranhense citava o escritor moçambicano Mia Couto: “Este mundo tem mais dentes que bocas. É mais fácil morder que beijar”. E logo em seguida evocava Che Guevara: “Hay que endurecerse pero sin perder la ternura jamás”. O debate era parte da Semana de Arte e Cultura da ENFF a qual assistiam mais de 150 militantes de organizações e movimentos populares de mais de 40 países de todo o mundo, o tema, a cultura popular e a batalha de ideias, trincheira cada vez mais urgente e necessária.

Poderiam as palavras barrar a força das armas que invadiam a escola naquele momento? Como enfrentar a truculência de homens raivosos sob mando de um estado que não respeita trabalhadores e nem mesmo crianças ou idosos? Resistiríamos?

Nossas armas não são as mesmas. Naquele dia, com os rostos estampados de incredibilidade, dúvidas e mesmo medo, cantamos, falamos de poesia, gritamos por nossos direitos e, na mesma hora, palavras de indignação, solidariedade e protesto começaram a chegar de todas as partes do mundo, como se os mais de duzentos que estávamos na escola, resistindo, se multiplicassem. O sentimento de cerco rapidamente se transformou no calor de um abraço apertado. O olhar de cada um e cada uma que se fizeram presentes nesse dia e, em especial, no dia seguinte reforçaram nossa confiança na luta. As centenas de mensagens recebidas nos mostraram que se o inimigo é forte, ainda somos muitos os que não esmorecemos.

As palavras, em tão diferentes idiomas, tiveram força para parar, pelo menos desta vez, a força das armas e impediram que o pior acontecesse. As lutas se fizeram uma só, uma luta por justiça e dignidade, aqui e em qualquer parte do mundo.

Como retribuir tamanha solidariedade que recebemos mais uma vez e tão prontamente na ENFF e no MST? Acreditamos que a melhor forma é seguir lutando a cada dia contra todas as formas de opressão, em qualquer parte do mundo e como o grande mestre e patrono da Escola, Florestan Fernandes nos ensinou “não se deixar cooptar, não se deixar dividir, não se deixar esmagar, Lutar Sempre!”

 

Nosso caloroso e fraterno abraço!

 

Rosana Cebalho Fernandes                                                  João Paulo Rodriguez

Coordenadora Geral/ENFF                                                 Direção nacional/ MST

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ESP

Queridas amigas y amigos, compañeros y compañeras,

 

Viernes, día 04 de noviembre, despertamos con el corazón apretado. Los tiempos oscuros de violencia e injusticia demedida que teníamos la esperanza que fuesen a repetirse en nuestro país, flotaban por el aire. Estaba en curso una persecución policial a nuestro movimiento, y más que eso, una persecución simbólica a los valores y proyectos que defendemos.

5hrs Paraná: 08 encarcelamientos. 7hrs Mato Grosso do Sul: cerco al Centro de Formación del MST. 9hrs: Escuela Nacional Florestan Fernandes: 10 camionetas de la policía, patadas, tiros, esposas, amenazas de muerte y dos encarcelamientos.

En ese momento, sin saber de nada, una poetisa de Maranhão citaba el escritor de Mozambique Mia Couto: “Este mundo tiene más dientes que bocas. Es más fácil morder que besar”. Y luego en seguida evocaba Che Guevara: “Hay que endurecerse pero sin perder la ternura jamás”. El debate hacia parte de la Semana de Arte y Cultura de la ENFF a la cuál asistían más de 150 militantes de organizaciones populares de más de 40 países en todo el mundo, el tema, la cultura popular y la lucha de ideas, trinchera cada vez más urgente y necesaria.

¿Podrían las palabras bloquear la fuerza de las armas que invadían la escuela en aquél momento? ¿Cómo enfrentar la agresividad de hombres rabiosos bajo el mando de un Estado que no respeta a los trabajadores y ni siquiera a niños o ancianos? ¿Resistiríamos?

Nuestras armas no son las mismas. Aquél día, con los rostros impresos de incredulidad, dudas y mismo miedo, cantamos, hablamos de poesía, gritamos por nuestros derechos y, de inmediato, palabras de indignación, solidaridad y protesta empezaron a llegar de todas las partes del mundo, como si los más de doscientos que estábamos en la escuela, resistiendo, nos multiplicásemos. El sentimiento de cerco rápidamente se transformó en el calor de un abrazo apretado. La mirada de cada uno y cada una que se hicieron presentes en ese día y, en especial, al día siguiente, reforzaron nuestra confianza en la lucha. Las centenas de mensajes recibidos nos enseñaron que, si el enemigo es fuerte, todavía somos muchos los que no desistimos.

Las palabras, en tan diferentes idiomas, tuvieron fuerza para parar, por lo menos esta vez, la fuerza de las armas y han impedido que pasara lo peor. Las luchas se hicieron una sola, una lucha por justicia y dignidad, aquí y en cualquier parte del mundo.

¿Cómo retribuir la solidaridad que recibimos una vez más y tan rápidamente en la ENFF y en el MST? Creemos que la mejor manera es seguir luchando cada día en contra de todas las formas de opresión, en cualquier parte del mundo y como el gran maestro patrono de la Escuela, Florestan Fernandes, nos enseñó “no dejarse cooptar, no dejarse dividir, no dejarse aplastar, ¡Luchar Siempre!”

 

¡Nuestro caluroso y fraterno abrazo!

 

Rosana Cebalho Fernandes                                            João Paulo Rodriguez

Coordinadora General/ENFF                                           Dirección Nacional/ MST
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ING

Dear comrades and friends,

 

Friday, November 4, we woke up with a heavy heart. The dark times of violence and immeasurable injustice, which we had hoped would not return to our country, hovered in the air. An ongoing police persecution of our movement was under way, and more than that, a symbolic persecution of the values and project we stand for.

5 am: Paraná: 08 arrests.

7 am: Mato Grosso do Sul: siege to the MST Political Education and Training Center.

9 am: Florestan Fernandes National School – 10 shots, kicks, shots, handcuffs, death threats and two arrests.

 

At that moment, without knowing anything that was going on at the main gate, a poetess from Maranhão [State in the North of Brazil], quoted the Mozambican writer Mia Couto: „This world has more teeth than mouths. It’s easier to bite than to kiss“. And immediately afterwards she evoked Che Guevara: “One has to grow hard but without ever losing tenderness“. The debate was part of the ENFF Arts and Culture Week, attended by over 150 activists from popular organizations and movements from more than 40 countries around the world. The topic: popular culture and the battle of ideas, a trench of struggle increasingly urgent and necessary.

 

Could the words block the force of the weapons that invaded the school at that moment? How could we deal with the truculence of enraged men under the command of a state that does not respect workers and not even children or the elderly? Would we resist?

Our weapons are not the same as theirs. On that day, with faces stamped with incredibility, doubts and even fear, we sang, talked about poetry, shouted for our rights and, at the same time, words of indignation, solidarity and protest began to arrive from all over the world, as if the more than two hundred students and activists who were in school, resisting, had multiplied. The siege feeling quickly turned into the warmth of a tight embrace. The gaze of each and every one that was present on that day and, especially, the next day, reinforced our confidence in the struggle. The hundreds of messages we received showed us that, if the enemy is strong, there are still many of us who will not faint or discourage.

The words, spoken in so many different languages, had the strength to stop, at least this time, the strength of the weapons and prevented the worst from happening. The struggles became one, a struggle for justice and dignity, here and in any part of the world.

 

How can we repay such solidarity that we receive once again and so promptly in the ENFF and the MST? We believe that the best way is to continue fighting every day against all forms of oppression, in any part of the world and as the great teacher and patron of the School, Florestan Fernandes taught us „never let us be coopted, divided, or crushed. Fight, Always!“

 

Our warm and fraternal embrace!

 

 

Rosana Cebalho Fernandes                                                   João Paulo Rodriguez

General Coordination /ENFF                                               National Board / MST

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